terça-feira, 18 de outubro de 2011

Crônica da Vila

     Antes de se construir a Varam Motores – hoje depósito da Casas Bahia, em frente a Volkswagen – ali existiu uma antiga senzala de escravos, ao lado da casa do Ponto Alto, de frente para a parte de baixo onde passa o rio.
     As referências do espaço não existem mais. A transformação urbanística da cidade encarregou-se de eliminar todos os vestígios.
     Para abrir a pista da Via Anchieta Sul, foi derrubada, na margem do rio, uma figueira com mais de 50 metros de altura. Meu tio Orestes contava. Porque o primeiro tratorista que ali trabalhou, foi padrinho do Tio Orestes de casamento.
     A fábrica derrubou as ruínas da senzala antiga. E os mais novos presenciaram um monte de coisas terríveis, sobrenaturais.
As instalações da Varam eram agora ocupadas pela Simca do Brasil. O Sr. Artur, dono dos Vitrais Paulistanos, era o chefe da tapeçaria. Deu uma explosão, mas nada de fogo. Os estofamentos foram cobertos de sangue. Outro caso: a prensa que desabou misteriosamente, atingindo um trabalhador. Numa hora do almoço, tempo frio. Vem um jacaré de quase dois metros, no meio da rua. Surgiu do nada. Eu estava lá. Tinha de 19 para 20 anos. Era 1963. No ano seguinte eu saia da Simca e entrava na Mercedes-Benz. Não sei se houve algum benzimento para eliminar as ocorrências sobrenaturais na fábrica. Mas, é aquele velho ditado: a gente que tinha nona que benzia, tem histórias incríveis. Minha nona se chamava Maria Rocco Costa, nasceu e morreu em São Bernardo.


Depoimento: Hermínio Costa

Um comentário:

  1. As empresas citadas acima, eu as conheci, tais como: Varam Motors, Cinca, Vicunha, e outras ali de perto. Morei nesta região de 1947 a 1979 e, presenciei a ascensão do Lula. Hoje, não estou feliz com PT

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