quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Centro

A caminho do bicentenário: 1812 - 2012

     O centro histórico da cidade caminha para o seu bicentenário, já que foi pensado para tal em 1812, quando da criação da Freguesia e Paróquia de São Bernardo. A partir de então é feito o que podemos chamar de o primeiro loteamento urbano do Grande ABC: o traçado da atual Rua Marechal Deodoro e seu quarteirão pioneiro, o do Largo da Matriz, a uma prudente distância do Ribeirão dos Meninos. É neste espaço que é instalada a sede do antigo Município de São Bernardo, em 1890, abrangendo todo o Grande ABC.

FOTO 1 – Centro histórico de São Bernardo nos anos 60: crescimento horizontal que privilegia a Matriz da Boa Viagem e o edifício do Banco Noroeste.
Acervo: Família Negri

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Crônica da Vila

     Antes de se construir a Varam Motores – hoje depósito da Casas Bahia, em frente a Volkswagen – ali existiu uma antiga senzala de escravos, ao lado da casa do Ponto Alto, de frente para a parte de baixo onde passa o rio.
     As referências do espaço não existem mais. A transformação urbanística da cidade encarregou-se de eliminar todos os vestígios.
     Para abrir a pista da Via Anchieta Sul, foi derrubada, na margem do rio, uma figueira com mais de 50 metros de altura. Meu tio Orestes contava. Porque o primeiro tratorista que ali trabalhou, foi padrinho do Tio Orestes de casamento.
     A fábrica derrubou as ruínas da senzala antiga. E os mais novos presenciaram um monte de coisas terríveis, sobrenaturais.
As instalações da Varam eram agora ocupadas pela Simca do Brasil. O Sr. Artur, dono dos Vitrais Paulistanos, era o chefe da tapeçaria. Deu uma explosão, mas nada de fogo. Os estofamentos foram cobertos de sangue. Outro caso: a prensa que desabou misteriosamente, atingindo um trabalhador. Numa hora do almoço, tempo frio. Vem um jacaré de quase dois metros, no meio da rua. Surgiu do nada. Eu estava lá. Tinha de 19 para 20 anos. Era 1963. No ano seguinte eu saia da Simca e entrava na Mercedes-Benz. Não sei se houve algum benzimento para eliminar as ocorrências sobrenaturais na fábrica. Mas, é aquele velho ditado: a gente que tinha nona que benzia, tem histórias incríveis. Minha nona se chamava Maria Rocco Costa, nasceu e morreu em São Bernardo.


Depoimento: Hermínio Costa

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Batistini


Ouvir: Arrimo de Escora / Rosa de Joca

Nas curvas da Estrada Galvão Bueno 

     A meio caminho entre a Via Anchieta e a Rodovia dos Imigrantes, o Bairro Batistini tem na Estrada Galvão Bueno o elo entre o presente e o passado. O velho caminho em curvas ganhou retificações em vários trechos, mas mantém o formato que serpenteia entre colinas hoje defendidas pela Lei de Proteção aos Mananciais. Quando os primeiros imigrantes chegaram, no final do século 19, aqui encontraram antigos brasileiros, vários dos quais escravos. Juntos, plantaram repolhos e outros produtos que eram despachados para Santos e São Paulo. Da fase urbana, o Jardim da Represa é o loteamento mais antigo local. Foi aberto em 1954.

FOTO 1 – A Estrada Galvão Bueno na década de 70: serpenteando, a estrada lembra os tempos coloniais de São Bernardo.
Acervo: Família Joanin Marson

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Baeta Neves

Primeiras casas foram de madeira

     Urbanisticamente, Baeta Neves é um dos mais antigos bairros de São Bernardo. Começou a ser formado em 1925 por um fazendeiro de Limeira chamado Luiz Felipe Baeta Neves. No início do século 19 a área do bairro integrava o Sítio dos Vianas. Com o processo de industrialização da cidade, Baeta Neves atraiu muitos migrantes do interior de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Nordeste. Adquirindo seus lotes de terreno, esses moradores ergueram casas de madeira utilizando containeres que traziam peças para a montagem dos primeiros automóveis.

FOTO – Jardineira que fazia o trajeto São Bernardo a Santo André passa pela Avenida Pereira Barreto nos anos 1920: ao fundo, o sobrado da família Versolatto, que veio do interior trazida pelo Dr. Baeta Neves.
Acervo: Sociedade Italiana de São Bernardo

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Demarchi / Botujuru


Ouvir: Olhos de Lince / Edu Moreno

Demarchi: Berço do turismo e do frango com polenta

     Ontem, Linha Galvão Bueno; hoje Bairro Demarchi. No popular, Colônias de São Bernardo. O bairro dos restaurantes especializados em frango com polenta e vinho de cartola, com salada de agrião, que foi o primeiro sentido mais profissional do turismo na cidade, a partir dos anos 40. É também o bairro da Volkswagen do Brasil, a multinacional que chegou nos anos 50 e ocupou espaços coloniais junto à Via Anchieta. O nome Demarchi é uma homenagem a antiga família de imigrantes italianos aqui estabelecida desde o século 19.

FOTO 1 – Matheo Demarchi cultiva sua horta na avenida que leva o nome da mãe, Maria Servidei Demarchi, eleita em 1958 a Mãe Símbolo de São Bernardo.
Acervo: Família Demarchi

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Riacho Grande

Às margens do nosso rio maior


     O nome original da localidade é Rio Grande, em alusão ao mais volumoso rio do Grande ABC, que nasce em Paranapiacaba e deságua no Rio Pinheiros. No tempo da imigração, ganhou várias linhas: Rio Grande, Rio Pequeno, Capivary, Bernardino de Campos, Campos Sales, Curucutu e Voluntários da Pátria. O nome atual, Riacho Grande, foi adotado em 24-12-1948 (lei estadual 233), para diferenciar de Rio Grande (estação férrea de 1867), hoje Município de Rio Grande da Serra. Entre seus bairros estão: Capivari, Curucutu, dos Finco, Rio Acima, Rio Grande, Santa Cruz, Sanzala e Tatetos. E vilas antigas como a Tosi e novas como as da Capela, na Estrada Velha do Mar.

Foto 1 – Pouso Paranapiacaba, a Casa de Pedra.
Foto: Hermano Pini Filho